Caminhada simbólica em Belém marca o Dia Nacional da Adoção
Evento no Parque do Utinga reuniu famílias adotivas, servidores da Justiça e profissionais da área social para chamar atenção sobre o perfil das crianças que ainda esperam por um lar

Na manhã deste domingo (25), uma caminhada simbólica no Parque Estadual do Utinga, em Belém, marcou o Dia Nacional da Adoção. A ação foi promovida pela 1ª Vara da Infância e Juventude da capital paraense e reuniu famílias adotivas, servidores da Justiça, profissionais da área social e pessoas interessadas em discutir os desafios da adoção no Brasil.
Adoção ainda enfrenta preconceitos no país
O evento começou às 7h da manhã e teve como foco conscientizar a população sobre os entraves que dificultam a adoção de perfis historicamente menos procurados, como grupos de irmãos, crianças com deficiência e adolescentes.
“A adoção é muito mais do que um gesto de amor. É um compromisso com o direito de crianças e adolescentes de crescerem em um ambiente familiar e protegido”, destacou a juíza Rubilene Rosário, titular da vara que organizou a caminhada.
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Segundo a magistrada, a maior barreira não é legal, mas cultural. “A sociedade ainda olha com desconfiança para certos perfis. Muitas crianças seguem crescendo em instituições porque não se encaixam no que se espera de um filho idealizado.”
Dados mostram descomo entre perfis e pretendentes
De acordo com o Sistema Nacional de Adoção (SNA), vinculado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Brasil possui cerca de 5 mil crianças e adolescentes disponíveis para adoção. Em contrapartida, há mais de 34 mil pretendentes cadastrados, o que indica um descomo provocado pela preferência por perfis específicos, e não pela falta de interessados.
No Pará, 86 crianças e adolescentes estavam disponíveis para adoção até maio deste ano. Dessas, 44 estão em processo de colocação em família substituta. Em 2023, apenas em Belém, 11 crianças com deficiência foram encaminhadas para adoção — nenhuma delas foi adotada.
Adoção é vínculo legítimo e irrevogável
Rubilene Rosário reforçou que adotar não é caridade, e sim uma forma legítima de filiação: “É um vínculo que rompe o laço biológico, mas estabelece um laço jurídico e afetivo equivalente ao da filiação natural. É uma decisão séria, que exige preparo, consciência e disponibilidade afetiva.”
Durante o percurso, os participantes vestiram camisetas com mensagens sobre afeto, pertencimento e inclusão. A caminhada foi encerrada com falas de representantes do Judiciário e de famílias que relataram suas experiências com a adoção.
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