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Agronegócio prepara resposta integrada à crise climática para a COP 30

Setor aposta em planos de baixa emissão de carbono e recuperação de pastagens para enfrentar desafios

Maycon Marte
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A participação do agronegócio nas metas da COP 30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que será realizada entre os dias 10 e 21 de novembro deste ano, em Belém, deve aliar os desafios das crises climática, alimentar e energética. A avaliação é de Eduardo Bastos, diretor do Instituto Equilíbrio e da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).

Durante o seminário “Socieconomia do Clima”, realizado nesta segunda-feira (26), no Rio de Janeiro, Bastos destacou dois planos de ação considerados fundamentais: o Plano ABC+ (Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária) e o PND (Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas). O evento foi promovido pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), em parceria com o Econtro Mundial da Imprensa (E-mundi).

O Plano ABC+ inclui metas alinhadas aos compromissos assumidos no Acordo de Paris, com o objetivo de promover uma agricultura de baixo carbono e reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), diretamente relacionadas à atividade produtiva do setor. A meta estabelecida pelo plano é de 1,1 bilhão de toneladas de carbono equivalente até 2030. Para isso, estão previstos sete eixos principais de ação: recuperação de áreas degradadas, sistema de plantio direto, sistemas de integração, florestas plantadas, bioinsumos, sistemas irrigados, manejo de resíduos da produção animal e terminação intensiva.

De forma complementar, o PND aposta na recuperação de cerca de 40 milhões de hectares de áreas degradadas. Segundo Bastos, desse total, aproximadamente 30 milhões de hectares pertencem ao setor agrícola e o restante corresponde a áreas de floresta. Além dos recursos destinados diretamente aos programas, as estratégias contam com incentivos de fundos como o Tesouro Direto, programas federais e investimentos estaduais.

A soma dessas ações, segundo o diretor, não representa uma solução definitiva para o problema, mas configura uma aposta em medidas eficazes para mitigar os efeitos da crise climática, já visíveis no país. Bastos destaca a conexão direta entre as crises ambiental, alimentar e produtiva, argumentando que, enquanto há um número expressivo de pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar no Brasil, a produção precisa ser ampliada, o que só será possível com uma agenda ambiental integrada. “Sem chuvas, por exemplo, não há colheita”, reforça.

“A lógica da reparação de pastagem degradada é essa, você usa um pedaço de área degradada e converte. O Brasil não está dizendo que vai resolver esse problema do mundo inteiro, a gente está dizendo, que um terço dessa demanda global a gente resolve. A gente ajuda, recuperando pastagem degradada e entrega 300 milhões a mais, o que é o dobro da safra atual. Então é um desafio enorme, não é uma coisa simples de fazer”, afirma Bastos.

A discussão levantada por Bastos já se arrasta há pelo menos quatro anos, desde quando defendeu, na COP 26, em Glasgow, no Reino Unido, a necessidade de incluir o setor produtivo nas pautas climáticas. Em meio a discussões sobre eletrificação e descarbonização, ele insiste que não há avanços significativos sem a participação do setor privado, em especial o agronegócio. “Alimentar o mundo é tão importante quanto descarbonizar”, afirma.

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Segundo ele, a posição do Brasil, assim como a de estados com economias baseadas na agropecuária, é especialmente sensível ao tema. Bastos ressalta que, em fóruns internacionais, o país é constantemente cobrado a apresentar soluções concretas para três grandes crises globais: energética, climática e alimentar. Essa demanda, afirma, obriga o setor a se reestruturar, reconhecendo os interesses comuns entre produção e sustentabilidade.

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