Comer maquiagem faz mal? Entenda os riscos por trás da prática de ingerir cosméticos
Morte da influenciadora Guava Beauty, que comia maquiagens em vídeos, acende alerta para os perigos da prática

A morte recente da influenciadora de beleza Guava Shuishui, conhecida nas redes sociais como Guava Beauty, reacendeu um alerta sobre os perigos de práticas que, embora pareçam inofensivas ou performáticas, podem trazer sérios riscos à saúde. Aos 24 anos, a jovem faleceu após uma "doença repentina". Famosa por testar maquiagens e, em seguida, prová-las diante das câmeras, a jovem acumulava milhões de visualizações. O hábito, no entanto, levantou questionamentos sobre os impactos da ingestão de produtos cosméticos.
Apesar de uma amiga ter negado ligação entre a internação e a ingestão de maquiagem, especialistas chamam atenção para o risco da prática. De acordo com o Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox), entre 2014 e 2018, mais de 4.500 casos de intoxicação por cosméticos foram registrados no Brasil, sendo 1.041 apenas em 2018, a maioria envolvendo crianças.
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Ingredientes não são feitos para serem ingeridos
💄 Produtos de maquiagem, como bases, sombras e batons, contêm uma gama de ingredientes desenvolvidos exclusivamente para uso tópico. Entre os mais comuns estão talcos, corantes sintéticos, conservantes, fragrâncias e ceras, substâncias que podem causar danos se ingeridas. Os efeitos adversos incluem desde enjoo, vômitos e diarreia até reações alérgicas severas e, em casos extremos, complicações neurológicas ou hepáticas.
Não existe segurança comprovada para o consumo desses produtos. A fórmula de um cosmético não leva em consideração a toxicidade oral, porque o objetivo é o uso externo.
Sintomas e sinais de intoxicação
A ingestão acidental ou deliberada de cosméticos pode provocar uma série de sintomas, como:
- Salivação excessiva;
- Náusea e vômito;
- Diarreia;
- Lesões na pele e mucosas;
- Queda de temperatura corporal;
- Queimaduras internas, em casos mais graves;
- Hálito com odor químico;
- Suor excessivo e, em casos extremos, inconsciência.
Se for algo muito tóxico, o organismo pode tentar expulsar o produto rapidamente, provocando vômitos. No entanto, isso não significa que o dano foi evitado.
Regulamentação
Além dos perigos da ingestão, o uso de maquiagem em ambientes como cozinhas e restaurantes também é alvo de legislação sanitária. A Resolução RDC nº 216/2004 da Anvisa proíbe que manipuladores de alimentos usem maquiagem, adornos, esmalte, barba ou cabelos soltos. A justificativa é simples: essas práticas aumentam o risco de contaminação dos alimentos.
Um estudo citado no artigo "Cosmetics at The Cleanroom", de LR Hauenstein, mostrou que a aplicação de uma simples sombra pode depositar até 3,3 bilhões de partículas nos olho, um batom 1,1 bilhão e o pó facial chega a cerca de 270 milhões. O estudo considera o perigo dessas quantidades em um prato de comida.
No Brasil, ainda não há uma categoria oficial para "cosméticos comestíveis" na regulamentação da Anvisa. Os produtos são classificados ou como cosméticos (uso externo) ou como suplementos alimentares (composição segura para ingestão). A diferença garante segurança ao consumidor e impõe limites claros sobre o que pode ser colocado dentro do organismo.
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